Os autos que compõem a Trilogia das Barcas de Gil Vicente são espectáculos musico-teatrais desenhados em formato de câmara, encomendados para a edição de 2018 dos Dias da Música, no Centro Cultural de Belém. Nas suas três obras distintas – Auto do Inferno, Auto do Purgatório e Auto da Glória – dois actores e cinco músicos partilham entre si tudo o que é apresentado no palco, saindo por vezes da sua própria esfera, trocando de papéis e funções.

Desta forma foram retomadas algumas ideias condutoras: o caracter polifacetado, ágil e contrastante, que transparece da generalidade das cenas do Auto da Barca do Inferno; um exercício sobre a passagem do tempo – tempo de espera, de paciência, de esperança – interiorizado e emocionalmente intenso, que lemos no Auto da Barca do Purgatório; e a construção hierarquizada e progressiva, qual cerimonial da corte e da catedral, que marca todo o Auto da Barca da Glória.

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